Uma nova modalidade de festa de casamento tem feito sucesso em salões de Buenos Aires. À primeira vista elas são iguais às festas tradicionais. Exigem traje de gala, têm cerimônia, balada, bebida à vontade, mesa de doces e o aguardado momento em que a noiva joga o buquê. Mas um pequeno detalhe torna a nova moda peculiar. Os noivos e o juiz que celebra o casamento são atores e encenam uma história que serve de pretexto para o que as centenas de convidados mais esperam: se divertir.
Decidimos que criaríamos um casamento. Mas quem iria se casar? Nós é que não”
Martin Acerbi,
organizador de falsos casamentos
A ideia de organizar casamentos fictícios surgiu entre um grupo de quatro amigos, sócios em uma produtora, que queriam ir a uma festa de casamento juntos, mas perceberam que não teriam a oportunidade tão cedo.
“Decidimos que nós criaríamos um casamento. Mas quem iria se casar? Nós é que não, então criamos a ‘Falsa Boda’ (Casamento Falso, em português), com atores e bailarinos em cena que fazem as vezes de noivos, juiz e todos os personagens que queremos colocar”, explica Martin Acerbi, de 26 anos, o mais jovem dos idealizadores da série de festas.
Tiramos os protocolos que aborrecem a qualquer jovem de entre 25 e 35 anos e deixamos o que todos buscam, como o open bar, sushis, mesa de doces, banda ao vivo com muito estilo e glamour e, sem dúvida, a exigência de se vestir de gala”
Martin Acerbi, organizador
Em cada celebração os convidados são surpreendidos por uma história diferente. Uma das edições mais divertidas, segundo Martin, foi a em que os supostos noivos brigaram antes de se casar e quem acabou trocando as alianças foram duas testemunhas. Em outra, um ator se passando por gay interrompeu a cerimônia para declarar seu amor pelo noivo, e os dois deixaram a noiva de lado e trocaram os votos.
Já que tinham a liberdade de criar o roteiro da festa, os idealizadores da Falsa Boda decidiram tirar alguns elementos dos casamentos tradicionais, como a exibição de um vídeo de fotos da família e a valsa dos noivos, para deixá-los mais atrativos.
“Imaginamos o que pode divertir as pessoas, o que mais pode chamar a atenção. Somos fiéis à nossa criatividade e se gostamos (de uma ideia), está aprovado”, diz Martin. “Tiramos os protocolos que aborrecem a qualquer jovem de entre 25 e 35 anos e deixamos o que todos buscam, como o open bar, sushis, mesa de doces, banda ao vivo com muito estilo e glamour e, sem dúvida, a exigência de se vestir de gala”, diz o criador.
Martin atribui o sucesso da Falsa Boda ao fato de ser uma proposta nova e criativa. Mas também lembra que as festas de casamento costumam ser caras e estão menos frequentes na Argentina com o passar do tempo. “Hoje em dia os casais preferem ir morar junto antes de se casar”, diz.
Até agora, Martin e os sócios organizaram seis edições, que atraíram de 300 a 600 pessoas. O convite para um casamento fictício tem seu preço: os lotes começam com 400 pesos argentinos (por volta de R$ 140) e podem aumentar de acordo com a proximidade da festa.
Os eventos são sustentados inteiramente com o preço das entradas e, para não extrapolar ainda mais no custo, as festas começam às 23h30 e não têm jantar – são servidos sushis e sanduíches. “As festas têm um custo elevado, tão caro como uma real. Trabalhamos com fornecedores reais e do mercado dos casamentos”, afirma Martin.
E a ideia chamou a atenção no outro lado do mundo. Uma das edições foi feita em Moscou, depois que a irmã de um dos sócios contou sobre a Falsa Boda a um amigo de lá, que convidou os amigos argentinos a organizar o evento na Rússia. “Foi uma grande experiência”, conta Martin. “Temos certeza que é a festa mais divertida do mundo”, diz.