Com música ao vivo e luzes apagadas, crianças e adolescentes com deficiência aproveitaram para dançar e cantar em festa sertaneja, que começou às 13h30 e foi até o fim do dia. Animados, eles saíram das escolas e foram parar no bar Bartholomeu de Campo Grande, onde suaram a roupa de tanto dançar e até fizeram coraçãozinho para os cantores.
O evento ocorreu nesta semana com a proposta da inclusão e estava na décima edição. Teve alunos da APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), REME (Rede Municipal de Ensino), Juliano Varela e Raio de Luz que desceram do ônibus escolar e foram animados para a festa.
A carência de festas inclusivas e a dificuldade de se “encaixarem” em baladas comuns os deixaram ansiosos, com os ânimos a flor da pele. Eles entraram no espaço que já estava escuro, apenas com as luzes de balada acesas. Toda vez que a luz verde e vermelha batia no rosto, era a sensação de liberdade e comemoravam com um sorriso e remelexo no quadril.
Adolescentes ficaram de frente para o palco para cantar com os músicos as canções sertanejas. (Foto: Kisie Ainoã)
“Está muito legal, quando cheguei já gostei da música que estava tocando. Aqui é uma forma de fazer amigos”, disse Débora Gomes. Aos 14 anos ela tem deficiência intelectual, sente dificuldade ao falar muito e compreender algumas coisas, mas afirmou que quer participar de mais festas assim.
Willian Ribeiro também tem a deficiência e com mais dificuldade que a colega contou que adorou o evento. “Estou gostando da balada. Estou me divertindo ali”, falou apontando para o meio da pista do salão. Ele tem 14 anos e é aluno da REME e foi sua primeira vez numa festa animada.
A balada foi organizada pela artesã, Diva Elena Duarte. Ela, em parceria com alguns empresários, conseguiu comida e bebida gratuita, “recheando” a festa com algodão doce, pipoca, bolo, refrigerante e água. “Eles não têm vida social, por isso fizemos uma. Aqui são todos iguais e não tem problema com o empurra-empurra”, destacou.
Ela é mãe de Felipe Duarte Oliveira, que tem 21 anos e é autista. Já sentiu na pele a exclusão da sociedade e faz de tudo para ajudar quem sofre com isso.
A adolescente fez coraçãozinho com as mãos para os cantores no palco. (Foto: Kisie Ainoã)
Luise Anne Pereira Sampaio é outra mãe que acompanhou a festa animada. Ela levou o filho, Kauan Vitor de 12 anos, que teve encefalite ainda bebê, para aproveitar a baladinha. “A doença afetou os movimentos e a fala. Ele fica na cadeira de rodas, não conversa, mas gosta de música”, disse.
Apesar de Kauan não ter dito uma palavra, deu para perceber a alegria de estar ali, naquele momento, através do brilho nos olhos e do sorriso tímido. “O evento é importante porque é um jeito dele interagir com outras crianças com problemas parecidos, e ouvir as músicas que gosta”, afirmou.
O meio da pista foi tomado por baladeiros que suaram as roupas cantando, dançando e até fazendo coraçãozinho com as mãos para os músicos. O momento foi propício até para romance, com casais dançando coladinho as músicas apaixonadas. A festa continuou até o final da tarde e os festeiros saíram com um gostinho de “quero mais”.